Qual a diferença entre os World’s 50 Best Restaurants e o Guia Michelin?
Dois gigantes do mundo gastronômico e referências em termos de excelência culinária. Quais são suas principais diferenças e em que consiste cada uma delas.
Ambos se tornaram referência dentro do setor. Ambos distinguem restaurantes com uma qualidade culinária de excelência. Ambos são realizados ano após ano. E, embora existam várias semelhanças entre o Guia Michelin e os 50 Melhores Restaurantes do Mundo, também há diferenças fundamentais que os diferenciam. Desde as suas origens, passando pela cobertura geográfica e até pela avaliação realizada pelos júris para distinguir os estabelecimentos.
Um pouco de história
Uma tradição que se mantém desde 1900. Sua origem? Uma primeira edição como estímulo para os motoristas viajarem. A aclamada marca de pneus Michelin encontrou uma maneira de abordar com informações úteis: instruções para trocar um pneu, mapas e recomendações para acomodações e restaurantes. A fama foi penetrando fundo e com o passar dos anos se tornou o guia que conhecemos hoje. O prêmio mais condicionado concedido é sua popular estrela, dada aos locais gastronômicos que oferecem cozinha excepcional.
Os 50 Best, por sua vez, são um pouco mais jovens; tudo começou no Reino Unido em 2002. A revista britânica Restaurant, líder em termos de comércio de restaurantes no país, decidiu criar uma lista com os melhores pontos gastronômicos do planeta, com base no conselho de 150 especialistas. No ano seguinte, já formada a equipe, foi realizado o primeiro anúncio dos 50 melhores restaurantes e o espírito de comemoração e premiação prevalece até hoje.
Abrangência geográfica
Uma das principais diferenças entre as duas referências: enquanto o Guia Michelin é instalado majoritariamente em países europeus, o 50 Best apresenta uma visão mais global onde o mundo é dividido em 27 regiões e conta com a participação dos cinco continentes. Dessa forma, cantos da Oceania ou da América do Sul também desfilam seus pratos entre o ranking.
A novidade? O Guia Michelin chega à Argentina este ano, tornando-se o primeiro país hispânico latino-americano a ser destacado. Em 2015 já havia desembarcado no Brasil, pontualmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O desembarque já está acontecendo e no dia 24 de novembro de 2023 esses restaurantes consagrados serão nomeados.
O sistema de avaliação
Quem vota?
A metodologia do Guia Michelin envolve os prestigiados inspetores, que visitam anonimamente os diferentes restaurantes e partilham opiniões após a degustação. Eles frequentam os locais e agem como outro cliente: ninguém sabe sua identidade e de fato pagam a conta com total normalidade. A maioria desses inspetores foi treinada nas melhores escolas de hotelaria do planeta e viajou o mundo aprendendo sobre a culinária e a cultura de diferentes países. A experiência, portanto, é um fator fundamental e essencial.
No caso dos World’s 50 Best Restaurants, há uma Academia formada por 40 membros das 27 regiões que abrange. A cada 10 anos, essas pessoas têm que mudar e se renovar. Agora, quem compõe essa Academia? Chefs, jornalistas de gastronomia e comensais especializados em igual medida. Cada membro do júri dá 10 votos, dos quais 5 devem ser para restaurantes de outras regiões que não a sua. O número total de juízes é de 1040, e a condição é ter visitado esses restaurantes nos últimos 18 meses. Fora desse processo seletivo, eles também têm uma auditoria externa nas mãos da empresa Deloitte.
Que aspetos são tidos em conta?
Na famosa bíblia vermelha há cinco princípios que norteiam qualquer decisão: a qualidade dos ingredientes, a harmonia dos sabores, o domínio das técnicas, a personalidade do chef refletida através de sua culinária e a coerência em cada prato ao longo do tempo. Aqueles que atenderem a esses requisitos serão merecedores de uma estrela Michelin. Sobre isso, há dois dados relevantes: o primeiro é que as estrelas são dadas apenas com base na comida no prato. Ou seja, a decoração do local, a atenção, o serviço ou a formalidade não entram em debate: são simplesmente julgados com base na comida. Outra curiosidade é que as estrelas são atribuídas a restaurantes e não a chefs: se uma cozinha muda de dono, a estrela permanece enraizada nas instalações e não no cozinheiro que a recebeu enquanto exercia sua profissão no recinto. Da mesma forma acontece com a lista dos 50 Melhores.
A principal diferença é que os votos dos membros da Academia nos World’s 50 Best Restaurants não estão necessariamente ligados ao que eles provam no prato: eles levam em conta outros aspectos genéricos do lugar além da culinária, gerando um voto integral. Os painelistas podem votar em lugares ao redor do mundo, independentemente da fama, tamanho ou estilo de cozinha. Por outro lado, o anúncio dos melhores restaurantes desta lista é feito através de uma gala que, historicamente, decorreu em Londres, mas em 2023 teve sede em Valência, Espanha. Eles também oferecem prêmios específicos por região e por diferentes categorias individuais, além da seleção clássica dos 50 melhores. A cada ano, a celebração cria uma oportunidade única de reunir uma incrível comunidade de chefs de todo o mundo.