Circuito de Rock Argentino: Música e Turismo

12 July 2024

Um roteiro que combina o melhor de dois mundos: o turismo e a música da Argentina. Ícones, paisagens, imperdíveis e curiosidades para anotar.

No tear das cidades argentinas, onde as notas ressoam entre becos e os acordes são sussurros entre edifícios ancestrais, um circuito mágico se entrelaça, uma pauta que traça a alma do rock argentino. Fito Páez sussurra segredos nas margens do rio Paraná, enquanto Charly García, entre avenidas cosmopolitas, dá acordes que são faróis da fúria de Buenos Aires. O rock argentino é uma marca registrada azul clara e branca e, sem dúvida, faz parte da cultura intrínseca do país do Fim do Mundo. Os portadores desta arte são muitos, e todos fizeram sua parte em sua passagem por diferentes cidades argentinas.


Rosário: o berço de Fito Páez e sua arte


"Rosario sempre esteve perto", diz um dos músicos mais importantes que transcendeu o território azul claro e branco. A 300 quilômetros da capital, Buenos Aires, a cidade de Rosário é o epicentro não só da arte, mas também do esporte - figuras como Lionel Messi e Ángel Di María nasceram nessas terras. Suas ruas respiram cultura, teatro, cinema e literatura, tornando-se um destino imperdível. A arte de rua, exposta em vários murais, é também uma parte fundamental da proposta cultural da cidade. Um exemplo proeminente é o Pasaje Poeta Fabricio Simeoni, localizado entre as ruas Mitre e Sarmiento, que busca ser uma atração turística por si só. Esta passagem não só abriga um mural multicolorido que homenageia o icônico músico de Rosário, Fito Páez, mas também inclui a reabertura do emblemático Bar Berlín, a presença de um museu dedicado a Che Guevara e várias intervenções culturais que enriquecem a experiência do visitante.


Além disso, após a série da Netflix El amor después del amor, a infância do artista em Rosário ficou ainda mais evidente. A casa onde ele cresceu é hoje um centro de saúde na rua Balcarce 681. Um dos acontecimentos mais significativos da vida do músico aconteceu dentro daquelas paredes: o assassinato de sua avó e tia, enquanto ele estava em turnê pelo Brasil aos 23 anos.

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Charly García: de Buenos Aires à piscina do Hotel Aconcágua em Mendoza

Explorar a vida e a pegada artística de Charly García na Argentina é mergulhar na própria essência da música e da cultura do país. Desde seu início no bairro de Caballito, em Buenos Aires, até sua consagração como ícone musical, Charly García deixou uma marca indelével que se traduz em experiências turísticas únicas. Sua casa natal está localizada em José María Moreno 63 (Caballito), e ele morava no quinto andar de um prédio de apartamentos com sua família. Anos depois, teve seu primeiro encontro com Nito Mestre na escola, mais precisamente no Instituto Social Militar "Dr. Dámaso Centeno" (Rivadavia 5550). A passagem do tempo os levaria a formar juntos a icônica banda Sui Géneris.


Em termos de bares, o clássico templo do rock é o Prix D'Ami, um local que soube ter 3 locais - todos no bairro de Belgrano - e testemunhou artistas nacionais e internacionais. Um deles era Charly García, que comparecia regularmente ao amanhecer para iniciar as aclamadas zapadas, improvisações musicais entre artistas.


Além disso, Charly se apresentou em todos os estádios, teatros e clubes existentes: o Luna Park, o Estádio Obras Sanitárias, os teatros Ópera e Gran Rex, o estádio Ferrocarril Oeste e muito mais.


Agora, uma das histórias mais chocantes do músico aconteceu na província de Mendoza, mais precisamente no Hotel Aconcágua. Em 3 de março de 2000, Charly pulou do nono andar diretamente para a piscina externa do local, saindo ileso. O evento marcou um antes e um depois na história do rock argentino, sendo lembrado até hoje não apenas como um fato, mas até mesmo capturado na arte de rua, roupas e itens diferentes.

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Soda Stereo e sua marca indelével em Buenos Aires


Uma viagem que funde a história da lendária banda com a essência vibrante da cidade. Uma viagem nostálgica para mergulhar na essência musical de Buenos Aires. Porque cada canto da cidade da fúria – assim apelidada por uma música do grupo - conta uma história que entrelaça notas, cultura e muita música.


O bairro de Belgrano abriga a esquina mágica de Victorino de la Plaza e Almirante Sixto Barilari, batizada como "Soda Stereo" em 2018. Este canto cheio de história foi a casa da família de Charly Alberti, baterista da banda, e serviu de epicentro onde Gustavo Cerati, Zeta Bosio e Alberti deram vida aos primeiros acordes que ressoariam na história do rock argentino.


O Planetário Galileo Galilei, com sua imponente arquitetura esférica e cúpula de 20 metros de diâmetro, foi sede de um dos vídeos mais conhecidos da banda: Zoom. Por sua vez, o grafite na rua também encontra seu esplendor no bairro de Agronomía. O túnel Gustavo Cerati é uma homenagem artística a Soda Stereo e seu líder imortal. Na Avenida Beiró, entre Terrada e Zamudio, este túnel de 300 metros de comprimento exibe uma galeria de murais que captam a essência das capas dos discos, retratos e canções que marcaram a história musical da banda.

Música, poesia e letra: Luis Alberto Spinetta


Um dos grandes gênios musicais argentinos. Sua influência ressoou em 376 músicas e 31 álbuns de estúdio, e deixou uma marca indelével na história do rock internacional. Carinhosamente conhecido como "El Flaco", Spinetta não apenas transcendeu os gêneros musicais, mas também deixou sua marca na poesia de suas letras, suas reflexões sobre arte e vida e seu compromisso com causas nobres. Em 23 de janeiro de 1950, Luis Alberto Spinetta nasceu no bairro de Núñez, em uma família rica em tradições musicais. Seu legado musical começou a tomar forma neste bairro, influenciado pela riqueza do tango que seu pai cantava e pela conexão com o mundo da música.


Em 1967, o jovem Spinetta fez parte da fundação do Almendra, uma das bandas mais importantes da história do rock nacional argentino. Sua casa em Belgrano (Arribeños 2853) tornou-se o epicentro da criatividade, onde Almendra se reunia para moldar a magia musical que definiria uma época.


Por mais de 20 anos, Luis Alberto Spinetta foi um vizinho proeminente do bairro de Villa Urquiza. A memória de sua presença vive em sua antiga casa na rua Iberá, 5000. Além disso, o túnel em Congreso e Tronador leva seu nome, uma intervenção artística que homenageia seu legado. Aqui, 30 capas de álbuns adornam o túnel, capturando as diferentes fases do músico.

Charly García, Gustavo Cerati, Fito Páez e León Gieco juntos