8 novas experiências para viver pela primeira vez na Argentina

Existe algo mais legal do que desbloquear novas experiências? É que as primeiras vezes têm algo que eu não sei o quê. São vividas com a inocência de uma criança. Surpresa constante. Elas nos conectam com a magia de não saber o que vem a seguir. São o embate certo entre expectativa e realidade. Uma realidade tantas vezes superada. Estar na Argentina é isso, é se conectar mil vezes com momentos que superam qualquer tipo de história que poderia ter sido contada. Olhos abertos e sensações na superfície. 

Agora, quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? Se a resposta não for clara, a solução é viajar para o país do fim do mundo e continuar lendo. O resto é com a gente. Só um conselho: prepare-se, porque dizem que a realidade supera a ficção e a Argentina também.  

1) Sentir, ver e dançar tango

Sensualidade no seu melhor. Dizem que um dos erros mais comuns ao dançar tango é pensar demais. E sim, porque a dança do 2x4 é puro sentimento. Homero Cerecedo Exelente, famoso poeta mexicano, afirmou que há mais verdade no tango do que nos livros de história. É verdade. Você não dança, você não vê, você não canta: você sente. 

Onde você pode apreciar a dança do coração? San Telmo é o seu berço e as ruas de paralelepípedos o palco principal. O ritmo milonguero que se percebe no ar e na Plaza Dorrego, a segunda mais antiga da cidade, é o ponto-chave das duplas de tango. Também sedia uma grande feira que aos domingos vai de Humberto Primo e Defensa ao Parque Lezama e parte do Pasaje Giuffra. Obviamente, se você quiser colocar em prática a emoção de dançar, você tem que visitar uma milonga. 

2) Dar uma salva de palmas ao asador durante um asado local

Se tiver que comemorar: asado. Durante a antevisão de uma partida importante: asado. Um domingo ao meio-dia: asado. O amor pela parrilla (churrasqueira) é quase uma condição entre os membros do Fim do Mundo, porque "la parri" sempre foi postulada como um lugar de encontro entre entes queridos. Uma primeira vez pela mão de uma iguaria, é esse o combo que alguém precisa em sua passagem pelo solo azul celeste e branco? A resposta é sim.

O asado inclui cortes variados de carne; vegetais que vão desde batata, pimentão com ovo, cebola, batata-doce e muito mais; provoleta que se traduz em queijo provolone derretido e temperado; e achuras, incluindo choripán que poderia ser definido como sinônimo de felicidade e segundo a revista britânica The Taste Atlas um dos cinco melhores sanduíches do planeta. Que bebida acompanha, você pode se perguntar. Pode ser vinho, birra (é assim que os locais chamam cerveja) ou Fernet (bebida típica de origem italiana que foi reversionada na Argentina e hoje é misturada com Coca Cola). 

Mas o que é isso de dar uma salva de palmas para o asador? Asar para o público argentino é um ritual. Não é manha, é prática. Quem assumir o cargo de chef será homenageado por seus convidados com um aplauso sincero e agradecido. 

3) Provar o sabor do Malbec

E se o fizesse em Mendoza - a capital nacional do vinho e maior produtora do elixir de uvas no país - seria uma primeira vez insuperável. Especialmente contemplando os maravilhosos cartões postais que dá o abraço da Cordilheira dos Andes. Aqui nada é aleatório, pois se acontece na Argentina estamos falando do país líder de produção de Malbec no mundo e dono de algumas das vinícolas mais relevantes do cenário mundial. Sem ir mais longe, a Zuccardi Valle de Uco permanece há três anos no primeiro lugar como a melhor vinícola do mundo de acordo com o ranking The World's Best Vineyard. 

Então. Nós dissemos: você está em Mendoza, serve uma taça, sorri e aprecia a cor da uva. Para alcançar a perfeição, você combina com excelente companhia e uma soberba culinária. Como o quê? Asado e suas tábuas de frios anteriores (mais chamadas de picada), massas e queijos fortes, como azul ou roquefort. E, claro, para finalizar com chocolate. 

4) Bater um papo com amigos e mate na mão

Messi, tango, asado, doce de leite, Diego Armando Maradona e mate. Há ícones inconfundíveis que gritam Argentina, mesmo que o mapa não marque solo albiceleste. É que, como reconhecer um argentino em terras internacionais? Pelo mate debaixo do braço, claro. E se os amigos forem adicionados à equação, ainda mais. 

O que é o mate? Uma infusão feita de erva-mate que é popularmente tomada com água a 80 graus e sem adoçantes. É claro que a tradição dita a regra, mas há quem ferve a água e adiciona açúcar. Dizem que não há nada escrito sobre gostos e o mate prova isso diariamente. Qual é a magia desta bebida verde? O sabor do encontro. É que se formos filosóficos, o mate é muito mais do que a bebida de plantão. Ele é um companheiro. De manhã, à tarde, algumas horas antes do jantar e até no meio da noite para promover uma longa noite de estudo. Nunca é um mau momento para experimentá-lo, porque nunca vai importar a hora que o relógio marca. 

Agora, se o mate é companheiro suficiente, por que recomendamos que você o leve em uma reunião com amigos? É que aí reside o seu verdadeiro encanto. Fazê-lo em grupo é conectar uma tradição histórica com um grande momento de amizade. Porque assim como o tango tem seu ritmo, o mate também, e marca sua passagem de mão em mão quase como o microfone necessário para tomar a palavra.

5) Viver um superclássico

Espanha tem Real Madrid x Atlético; Brasil, Flamengo x Fluminense; Reino Unido, Liverpool x Manchester United; E a Argentina? A Argentina tem o superclássico.

Do que se trata? Apenas a histórica dupla rival do futebol argentino. Um duelo onde durante 90 minutos o país inteiro sincroniza o jogo da bola. Poucas coisas desencadeiam paixão como o grito de um gol no meio do Boca x River. De acordo com o The Observer - jornal inglês - é um dos 50 espetáculos esportivos que você deve ver antes de morrer. Ele também o classificou como uma das experiências esportivas mais intensas do mundo. Você estaria disposto a conferir? 

6) Entrar no terceiro trem mais alto do mundo

Há 50 anos que o Trem das Nuvens oferece cartões postais e momentos únicos para os afortunados que decidem embarcar em sua jornada pelo norte da Argentina. Seu nome antecipa a experiência e - é claro - é digno de riscar-se de qualquer itinerário pela província de Salta. Percorre 216 quilômetros por túneis, viadutos, pontes e elevações. Ele está localizado a 4220 metros acima do nível do mar. Vertiginosos: abster-se. Entre as imagens mais icônicas, destaca-se o trecho do Viaduto La Polvorilla, uma obra de engenharia supina que pesa 1600 toneladas, tem 224 metros de extensão e atravessa a Rota 40, um dos trechos mais icônicos do país. Não é necessário continuar listando motivos, essa primeira vez ficará marcada na memória.

7) Testemunhar a imensidão de uma baleia franca austral

A Patagônia conhece muito sobre a fauna marinha. Uma joia? Puerto Madryn - mais especificamente Península Valdés, que desde 1999 foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Faz sentido, pois é um dos acidentes costeiros mais extraordinários do mundo. E vê-se que não só os humanos estão conscientes da sua maravilha, porque de agosto a abril, inclusive, todos os tipos de animais o escolhem como local de visita: lobos marinhos, golfinhos, baleias e orcas, entre outros. Só um conselho: paciência. Avistamento demanda tempo e nada melhor do que aproveitar o processo.  

Agora, qual é a estatueta favorita? A baleia franca austral, claro, que recebe visitas de todo o mundo. Faz sentido, porque a sua dança aquática é um espetáculo que faz os quilômetros percorridos valerem a pena, e que nem sempre se deixa ver. Mas, se há um local-chave para desbloquear essa experiência, nada melhor do que a Península Valdés, que recebe a maior população reprodutora da espécie ameaçada de extinção. Quando? Em agosto e setembro.

8) Maravilhar-se com um parto de geleira

Massas de gelo milenares. A terceira maior camada de gelo do mundo (depois dos polos, claro). Águas geladas e infinito azul claro e branco que camufla com a cor do céu. A Patagônia Argentina tem muitos encantos e seus glaciares, sem dúvida, são um deles. Na verdade, o Parque Nacional Los Glaciares, em Santa Cruz, é Patrimônio da Humanidade desde 1981. Sua joia, o Glaciar Perito Moreno, é um oásis congelado que ano após ano atrai a atenção de turistas de todo o mundo. Por que? É que seus desprendimentos, anuais, são hipnóticos. E eles te conectam com a imensidão da natureza e a pequenez dos problemas. É que vê-lo pelo menos uma vez na vida é condição para entender a Mãe Natureza.